“Pastor é condenado por sonegação fiscal em Maringá a dois anos e
meio de prisão e 200 dias-multa, valor que pode ultrapassar R$ 40
mil. (...). A sentença foi firmada no dia 16 de fevereiro, pelo juiz
substituto da Vara Federal Criminal de Maringá/PR.”. [...] Os réus
[o pastor e sua esposa] alegaram que viviam da venda de produtos
particulares, como livros bíblias e CDs, e que o dinheiro obtido com
essas vendas era depositado nas contas da igreja Só o Senhor é Deus.
Para o juiz, essas declarações, quando junto com as demais provas,
demonstram a intenção dos acusados de esconderem os fatos - “ou
seja, a utilização em proveito próprio do dinheiro da Igreja
Evangélica Missionária Só o Senhor é Deus, sem a declaração de
tais rendimentos no ajuste anual do Imposto de Renda de pessoa
física”. [...].como noticiou o Jornal Paraná On-Line.
Esta notícia não é isolada, demonstrado uma realidade que precisamos
estar atentos, pelo que, temos conhecimento através de membros das
Igrejas que existem pastores que estão orientando as Igrejas que
estas não devem proceder a retenção do imposto de renda na fonte,
por isso é vital alertar as lideranças eclesiásticas que pelo
Regulamento do Imposto de Renda vigente, é da Igreja - Pessoa
Jurídica de Direito Privado, a responsabilidade pelo desconto no
Sustento Ministerial concedido ao Pastor-Ministro, bem como, o
recolhimento junto a Receita Federal, devendo o obreiro lançar
em sua declaração anual de renda os valores retidos.
De
igual maneira, estão sujeitos os Ministros de Confissão Religiosa,
pastor ou auxiliares, que percebem valores, abrangidos pela tabela
do imposto de renda, divulgada pela Receita Federal do Brasil, sob
qualquer título, de forma direta, que é sustento ministerial,
ou indireta, que podem ser, ajuda de aluguel de imóvel,
condomínio, plano de saúde, aposentadoria privada, escola dos
filhos, cursos, viagens etc, em espécie ou em benefícios concedidos
pela Igreja, e aí reter na fonte, e, recolher referidos valores
devidos aos cofres federais, como declarado por um auditor fiscal a
uma Igreja.
A
imunidade fiscal da Igreja-Pessoa Jurídica, que é prerrogativa
constitucional, não se confunde com as Pessoas Físicas que as
integram, por isso, não exime as Igrejas e Organizações
Religiosas da obrigação de descontar o Imposto de Renda e Recolher
ao Fisco, sendo objetivo quando menciona que os rendimentos
pagos ou creditados, como se caracterizam: “Sustento Ministerial”,
“Rendimento Eclesiástico”, “Provento Pastoral”, “Prebenda Religiosa”
etc, estão sujeitos a retenção do I.R.R.F - Imposto de Renda Retido
na Fonte.
Daí sua incidência legal, como disciplina o Artigo 167 do
Regulamento do Imposto de Renda/99, “As imunidades, isenções
e não incidências de que trata este Capítulo não eximem as pessoas
jurídicas das demais obrigações previstas neste Decreto,
especialmente as relativas à retenção e recolhimento de impostos
sobre rendimentos pagos ou creditados e à prestação de informações
(Lei nº 4.506, de 1964, art. 33). Parágrafo único. A
imunidade, isenção ou não incidência concedida às pessoas jurídicas
não aproveita aos que delas percebam rendimentos sob qualquer título
e forma (Decreto-Lei nº 5.844, de 1943, art. 31).”
Desta forma, referida a obrigação fiscal das Igrejas e
Organizações Religiosas só pode ser alterada através de lei
federal, como por exemplo é nos EUA, onde a norma legal não prevê
a incidência de imposto de renda sobre o rendimento dos ministros
religiosos, bem como, contempla que as doações dos fiéis
concedidas as Igrejas podem ser deduzidas no pagamento do Imposto de
Renda, o que também não é possível em nosso sistema legal.
Já
temos notícias de Igrejas e Organizações Religiosas que foram
multadas, processadas judicialmente, e, inclusive algumas
perdendo a prerrogativa da imunidade, na medida em que é Pessoa
Jurídica de Direito Privado que responde diante da Receita Federal
do Brasil, também denominada “Super-Receita”. Com a aglutinação da
Secretaria da Receita Federal com os órgãos do INSS responsáveis
pelo recolhimento e fiscalização previdenciária, a “Super-Receita”
tem apertado a fiscalização, especialmente de quem não tem feito a
retenção ou o não recolhimento dos valores devidos ao Fisco
Nacional.
Gilberto Garcia
é Mestre em Direito, Conselheiro Estadual da OAB-RJ e Sócio Efetivo
do Instituto dos Advogados Brasileiros. Professor Universitário,
Especialista em Direito Religioso e Autor dos livros: “O Novo Código
Civil e as Igrejas” e “O Direito Nosso de Cada Dia”, Editora Vida,
e, “Novo Direito Associativo”, e, Co-autor da Obra Coletiva:
“Questões Controvertidas - Parte Geral Código Civil”, Editora
Método, e, do DVD - Implicações Tributárias das Igrejas, Editora
CPAD. Site: www.direitonosso.com.br
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