Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros (...). Então, tende o mesmo sentimento uns para com os outros. (Rm 12:5,16)
Do mesmo modo como o Pai está unido ao Filho e o Filho está unido ao
Pai, os cristãos devem viver unidos entre si. Viver em união com os seus
irmãos na fé constitui a melhor prova que o cristão pode dar de sua
união com Deus. Esse foi o desejo expresso por Jesus em sua oração ao
Pai: Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em
ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me
enviaste. O Mestre completa seu pedido, dizendo: Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade (Jo 17:21,23). É dessa união entre os fiéis que trata o estudo de hoje.
ENTENDENDO O MANDAMENTO
Com
base nos ensinos de Cristo e dos apóstolos, trataremos a questão da
união espiritual entre os cristãos. Antes de tudo, porém, cumpre-nos
dizer que o viver em união constitui uma das mais importantes
recomendações da palavra de Deus. O apóstolo Paulo, por exemplo, escreve
aos Coríntios e solicita desses irmãos, em nome Jesus, que sejam unidos
entre si. Ele diz: ... que digais todos uma mesma coisa, e que não
haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo sentido e em
um mesmo parecer (1 Co 1:10). O cristão que ainda não aprendeu a
viver em harmonia com seus irmãos de fé, ainda não entendeu a verdadeira
essência do evangelho de Cristo.
Precisamos aprender a andar em unidade: Para tornar
mais clara a questão da nossa unidade, temos a contribuição dada por
Paulo, na comparação que fez entre a igreja e o conjunto de membros que
formam o corpo humano. No corpo humano, como sabemos, cada membro tem a
sua maneira própria de operar e nenhum pode dispensar a participação dos
demais. Sobre isso, o apóstolo diz que, assim
como, em um corpo, existem muitos membros e nem todos têm a mesma
função, assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas
individualmente somos membros uns dos outros (Rm 12:4-5).
Considerando a comparação feita entre a igreja de Cristo e o corpo
humano, há algo que jamais podemos esquecer: cada membro desse corpo
está de tal modo ligado aos demais que aquilo que acontece com um deles
afeta, de alguma forma, os outros. A Bíblia afirma: Quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele; quando um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele (1 Co 12:26 – NVI). Em virtude dessa dependência que há, entre os membros do corpo de Cristo, Paulo novamente sugere: Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram (Rm 12:15).
A frase anterior nos mostra que precisamos aprender a ter empatia, a
ponto de sofrermos com os que sofrem e alegrar-nos com os que se
alegram. Devemos nos importar e nos preocupar uns com os outros. Não
estamos num campeonato dentro do corpo de Cristo (igreja), competindo
para saber quem é o mais talentoso, o mais espiritual ou para saber quem
é o maior ou o melhor. Somos companheiros e não concorrentes. Aos
Efésios, Paulo recomendou vida cristã em união, dizendo: Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz (Ef 4:3 – NVI). Isso porque a convivência dos irmãos em união é boa e agradável(cf. Sl 133:1).
Para que os irmãos vivam em união, é necessário, ainda, que cada um
reconheça as virtudes que existem nos outros. Foi seguindo esta linha de
pensamento que o apóstolo dos gentios escreveu aos filipenses as
seguintes palavras: Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros (Fp
2:4). Quando subvalorizamos os outros e nos supervalorizamos,
tornamo-nos egoístas, e o egoísmo leva-nos ao orgulho, que, por sua vez,
pode determinar a ruína da unidade existente entre nós, igreja de
Cristo. Precisamos ver e reconhecer as virtudes dos outros e evitarmos
em nós qualquer sentimento de superioridade.
Além disso: não há unidade onde não há humildade! O
humilde alegra-se com o bem-estar do outro e se entristece com a
tristeza do outro. A partilha dos sentimentos fortalece a unidade. A
palavra de Deus nos exorta: De sorte que haja em vós o mesmo
sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de
Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus (Fp 2:5-6). Se
quisermos permanecer unidos, como Cristo deseja que sejamos, sigamos o
exemplo do Mestre, que foi humilde por excelência. Todos nós somos
iguais. Não devemos nos achar superiores, ao contrário, devemos nos ver
inferiores aos demais irmãos. De outra forma, estaremos contribuindo
para a destruição de nossa unidade.
Como preservar a unidade na igreja: A
“unidade cristã” não é criada pelos cristãos, mas é produzida pelo
Espírito Santo (cf. Ef 4:3). Portanto, é nosso dever preservá-la como
algo indispensável à boa convivência entre os cristãos. O desejo que o
apóstolo expressou, no tocante aos filipenses, ilustra o desejo de Deus
em relação a todos nós. Paulo dizia: ... completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude (Fp
2:1 e 2). Na carta aos Efésios, o mesmo Paulo ensina que essa
preservação da unidade deve ser feita com toda diligência e amor (Ef
4:2-3), ou seja, precisamos trabalhar de maneira esforçada e amorosa
pela integração da igreja.
Para conservarmos a unidade de pensamento entre os irmãos, precisamos
cultivar, entre estes, uma boa relação de amizade. O apóstolo Pedro
ensinou: Quanto ao mais, tenham todos o mesmo modo de pensar, sejam
compassivos, amem-se fraternalmente, sejam misericordiosos e humildes.
Não retribuam mal com mal, nem insulto com insulto (1 Pe 3:8-9 – NVI). Tiago, por sua vez, ensina que não devemos falar mal uns dos outros (Tg 4:11). Paulo também diz que não devemos mentir (Cl 3:9), nem invejar (Gl 5:26), nem odiar (Tt 3:3) uns aos outros. Ao contrário, devemos amar cordialmente uns aos outros com amor fraternal (Rm 12:10).
Em suma, a comunhão uns com os outros se desenvolve e prevalece através
do esforço comum e da boa vontade de todos. A nossa maior prioridade
deve ser cuidar de nosso irmão, e a do seu irmão deve ser cuidar de
você. É assim que acontece com o corpo humano. Por exemplo: você, às
vezes, gosta de um tipo de comida; todavia, o médico o proíbe de
comê-la, por não ser boa para a sua saúde. Assim, você deixa de comer
tal alimento. Por que você deixa de comer? Por causa da saúde do corpo!
Imagine que você esteja com dor de cabeça. Você precisa tomar um
analgésico. Então, as suas “mãos”, que não têm nada a ver com a sua dor
de cabeça, se envolverão, levando o remédio até a boca, o que lhe
produzirá o alívio. Isso quer dizer que um membro sofre pelo outro e
trabalha em benefício de todo o corpo. [1]
Até aqui, tratamos sobre a necessidade de união entre os filhos de
Deus. Vimos a comparação feita pelo apóstolo Paulo entre a igreja de
Cristo e o corpo humano. Nesta comparação, ficou claro que, assim como
no corpo humano, no corpo de Cristo, cada membro tem a sua maneira
própria de operar. Só há regularidade no funcionamento geral da igreja
quando cada um dos seus membros estiver operando em perfeita harmonia
com os demais. Unir-nos uns aos outros é mandamento do Senhor. Por isso, no que depender de nós, devemos cultivar e preservar a unidade entre os irmãos.
APLICANDO A PALAVRA DE DEUS EM NOSSA VIDA
Não podemos pensar que somos superiores - Em muitos
casos, a comunhão da igreja é prejudicada em decorrência da falta de
humildade. Há nela algumas pessoas que, por terem a seu favor uma maior
experiência religiosa, por terem mais tempo de caminhada cristã, por
serem financeiramente mais favorecidas, por serem intelectualmente mais
esclarecidas, por serem socialmente mais bem relacionadas etc.,
julgam-se superioras às demais, chegando a demonstrar isso com gestos,
palavras e atitudes. Essas coisas não deveriam existir entre os filhos
de Deus, porque, segundo Jesus, não somos nem maiores e nem melhores do
que ninguém. Todos nós somos iguais!
Não devemos provocar divisões na igreja - O
apóstolo Paulo parece ter sido, entre os apóstolos, aquele que mais
sofreu, em consequência das divisões entre os membros da igreja, no seu
tempo. Para algumas delas, ele pediu com “rogos” que se mantivessem
unidas (Rm 16:17; 1 Co 1:10; Fp 2:2). Em sua primeira carta aos
Coríntios, ele diz textualmente: Para que não haja divisões no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros (1
Co 12:25). O cristão deve ser não só uma pessoa pacífica, mas também um
pacificador, promovendo e incentivando a unidade e o bom relacionamento
entre os irmãos.
CONCLUSÃO
Em todo este estudo tratamos sobre necessidade de união entre os
irmãos. Na comparação feita entre os membros da igreja e os membros do
corpo humano, ficou claro que Deus quer que, como irmãos que somos,
vivamos em integração e dependência uns dos outros, assim como acontece
com as diversas partes do corpo humano. Para que haja união entre os
irmãos, é necessário também que haja humildade. Em matéria de humildade,
nenhum exemplo pode ser comparado ao que Cristo nos deixou. Foi ele
que, sendo Deus, fez-se homem. Fez de tudo para nos unir a ele e para
nos unir uns aos outros, assim como ele está unido com o Pai.
Amém!
Bibliografia:
1. LOPES, Hernandes Dias. 1 Coríntios: Como resolver problemas na igreja. São Paulo: Hagnos, 2008. Págs. 236/237).
DEC PCAMARAL
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